Atividade acadêmica sobre o artigo científico acima apresentado (Resumo)
Ravelli, Michele Novaes, et al. "Obesidade, cirurgia bariátrica e implicações nutricionais." Revista Brasileira em Promoção da Saúde 20.4 (2012): 259-266.
A obesidade vem aumentando muito no Brasil e no mundo, tornando-se um problema de saúde púbica. A OMS verificou esse aumento não somente em adultos e muito alarmante os números crescentes em crianças e adolescentes.
Por incrível que possa parecer, as cirurgias bariátricas têm crescido muito, também no público juvenil a qual promove alterações digestivas e absortivas sérias de macro e micro nutrientes acarretando problemas nutricionais, sendo necessário um programa educativo no pré e pós-operatório, com enfoque em recomendações dietéticas e atividades físicas.
A obesidade é um desvio nutricional excessivo de gordura corporal, que acarreta prejuízos à saúde dos indivíduos, de natureza dermatológica, cardiovascular, respiratória, do aparelho locomotor, metabólicas, alguns cânceres, entre outros.
Utilizando o IMC, apresenta-se parâmetros de baixo peso, passa pela eutrófia (saudáveis) até obesidade mórbida, considerando peso e altura do indivíduo. Esses parâmetros não
se referem a quesito “padrões de beleza” e sim, padrões saudáveis para evitar a síndrome metabólica. Esses índices e percentis variam de adultos e de crianças.
Etiologia e Fisiopatologia
Dentre as Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), a obesidade tem sido um sério problema de saúde pública. Sua etiologia (estudo das causas das doenças) é multifatorial, incluindo aspectos ambientais (socioeconômicos e culturais), comportamentais, psicossociais, endócrinos, genéticos, desequilíbrio entre ingestão calórica e gasto energético.
O desequilíbrio entre as calorias consumidas e as calorias gastas é um dos principais fatores que levam ao aumento do peso. O aumento do consumo de alimentos com maior densidade calórica, ricos em açúcares e gordura e pobres em vitaminas, minerais e outros micronutrientes, e a tendência à diminuição das atividades físicas diárias, devido ao sedentarismo de muitas formas de trabalho, diversão, modalidade de transporte e ao crescimento urbano, são fatores que promovem o desenvolvimento da obesidade. A obesidade psicogênica é observada, principalmente, durante e após situações de estresse psicológico, como morte de parente, doença grave ou depressão.
Os genes podem contribuir para a obesidade de diversas formas, como anormalidade genética no armazenamento de energia, fatores psíquicos hereditários anormais que estimulam o apetite, intervindo, através da sua participação, no controle de vias eferentes (leptina, nutrientes, sinais nervosos, entre outros), de mecanismos centrais (neurotransmissores hipotalâmicos) e de vias aferentes (insulina, catecolaminas, sistema nervoso autônomo).
O tecido adiposo, como órgão secretor das adipocinas e é regulado por mecanismos humorais e hormonais. As adipocinas desempenham atuam na função imunológica através da Interleucina 6 (IL-6), do fator de necrose tumoral (TNF-α) e das adipicinas; na função cardiovascular, através do eixo renina-angiotensina (é um conjunto de peptídeos, enzimas e receptores envolvidos em especial no controle do volume de líquido extracelular e na pressão arterial.) e do inibidor de ativação do plasminogênio (PAI-1); na função metabólica, com os ácidos graxos livres (AGL), a adiponectina, a resistina, o agouti related petide (AGRP) e a visfatina; e na função endócrina, com a secreção de leptina.
A gordura visceral é a principal fonte de IL-6; ela também é secretada no hipotálamo, desempenhando papel na regulação do apetite e no gasto energético, inibindo a lipoproteína lípase, induzindo a lipólise (armazenamento de gordura) e aumentando a captação da glicose. Esta citocina está aumentada na obesidade e em pacientes diabéticos, principalmente naqueles com resistência à insulina. O TNF-α promove uma diminuição à resposta à insulina através da diminuição da expressão a superfície celular dos transportadores de glicose (GLUT-4), estando, portanto, relacionado à resistência à insulina.
O PAI-1 é uma molécula envolvida na patogênese da doença cardiovascular, regulando a formação de trombo inibindo a ativação do plasminogênio, sendo este um fator anticoagulante. O PAI-1 correlaciona-se com a gordura omental. (cortina de gordura abdominal que paira como se fosse um avental por cima de nossos intestinos)
A adiponectina é um neurotransmissor com efeitos metabólicos positivos, promovendo sensibilidade à insulina no fígado e através de sua propriedade anti-aterogênica.
A leptina é um hormônio promove à regulação energética versus obesidade, reduzindo os níveis intracelulares de lipídeos no músculo esquelético, fígado e nas células beta-pancreáticas, melhorando a sensibilidade à insulina.
No músculo, a sensibilidade à insulina é conseguida com a inibição da CoA na qual ocorre o aumento do transporte de ácidos graxos para a mitocôndria, levando à beta-oxidação. O mecanismo de ação da leptina ocorre através da liberação de neuropeptídeos relacionados ao apetite como o neuropeptídeo Y(NPY) e ao peptídeo Agouti (AGRP), levando à redução do apetite. Também promove o aumento da liberação de neuropeptídeos anorexigenos (inibidores do apetite) e hormônio liberador de corticotropina, desse modo altos níveis de leptina levam à hipofagia ( Ingestão insuficiente de alimentos), enquanto altos níveis induzem a hiperfagia (ingestão exacerbada de alimentos).
Porém, é possível observar a resistência à insulina na obesidade, em que se observam grandes quantidades de leptina na circulação de obesos e sua finalidade de saciedade e inibição do apetite não ocorrem, indicando que os receptores da leptina no hipotálamo estariam defeituosos e, portanto, sem chances de utilizar a leptina exógena no tratamento de pacientes obesos.
O hormônio Grelina é um estimulador da liberação do hormônio do crescimento (GH); além disso, ela atua na estimulação da secreção lactotrófica e corticotrófica que atuam no controle do gasto energético; atua também na secreção ácida da motilidade gástrica, tem papel cardioprotetor e exerce ações anti-neoplásicas (anti-tumoral). No entanto, em pacientes obesos, os níveis de GH e de Grelina são baixos.
Terapêutica da Obesidade
Inúmeros são os tratamentos realizados e estudados para a perda e manutenção do peso. As prescrições são baseadas em dietas hipocalóricas e balanceadas, com alimentos de qualidade, sensibilizando o paciente a adquirir critérios adequados de escolha e opções saudáveis, incluir mudanças comportamentais, realização de atividade física e no equilíbrio de desconforto emocional e psicológicos que desencadeiam comportamentos que o conduzam ao sobre-peso.
Mudança em prol da recuperação da saúde e redução de peso de forma adequada, estará associada a benefícios físicos, psicológicos, sociais e no controle do perfil lipídico e na diminuição de riscos de doenças crônicas não-degenerativas, como a obesidade, diabetes, hipertensão, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares, diminuindo, assim, o risco de morte.
As recomendações mínimas de atividade física, é de 30 minutos por dia, durante 5 dias da semana, porém, para a perda e manutenção de peso, as recomendações são de 60 a 90 minutos por dia, 5 vezes na semana.
Dentre os tratamentos medicamentosos (os fármacos inibidores de apetite), muitos demonstraram resultados desapontantes, uma vez que grande parte dos pacientes recuperam, de 3 a 5 anos, parcialmente ou totalmente, o peso perdido, além dos efeitos colaterais que não devem ser ignorados no tratamento.
Estudos recentes mostram que o tratamento clínico e nutricional, dietas e reeducação alimentar, em adultos gravemente obesos (IMC > 40 Kg/m2 presentes a mais de 5 anos) e e pacientes com (IMC entre 35 e 39,9kg/m2portadores de doenças crônicas agravadas pela obesidade) , não apresentam resultado significativo em longo prazo, assim a cirurgia bariátrica é, atualmente, a ferramenta mais eficaz no controle e tratamento da obesidade mórbida, porém, dependendo do método escolhido, os procedimentos de disabsorção reduzem a absorção das calorias, proteínas e outros nutrientes importantes para a saúde do paciente.
Há muitos benefícios para os pacientes com obesidade mórbida através da cirurgia bariátrica, mas não podemos deixar de destacar os riscos nutricionais se não forem bem acompanhados e administrados ao longo da vida dos pacientes pós-bariátrica.
Esse texto aborda ainda alguns métodos de cirurgias bariátrica e o tratamento no pré e pós operatório, porém, não os mencionei nesse resumo, estando o artigo disponível para os interessados no link abaixo, publicado na Revista Brasileira em Promoção da Saúde.